Eleições: Alguns tentaram, mas ninguém chegou perto do que fez Obama
Somos impactados por mais de mil mensagens publicitárias todos os dias. Só damos atenção ao que realmente nos interessa, nos desperta atenção e desejo. Para furar esse congestionamento, o ambiente digital é perfeito. Somos o povo que mais passa tempo conectado no mundo.

Agora, como dar atenção às novas tecnologias e aos candidatos que utilizam em suas campanhas na web a “ficha limpa” como diferencial competitivo? O sujeito ter a “ficha limpa” não é o mínimo que podemos esperar de um candidato?
O marketing é a gestão de pessoas, marcas e produtos. Obama era um bom produto; temos poucos bons produtos aqui no Brasil. Além do mais, nossa cultura, economia, problemas, formas de arrecadação e sistema eleitoral são diferentes em relação ao que há nos EUA.
Escrevi detalhadamente e animadíssimo nos meus dois livros mais recentes sobre o caso Obama, e agora estou frustrado. O caso Obama deveria servir de inspiração, não de imitação.
Estratégias copiadas
Em 2008, tratou-se de um paradigma no marketing digital. Obama utilizou de forma brilhante as novas mídias na época. A mobilidade, a busca, as mídias sociais, a interação nos sites e o design foram realmente muito inovadores. Mas essas estratégias foram utilizadas em 2008, e não em 2010.
Isso quer dizer que o que vimos no Brasil é um monte de Obamas covers copiando de forma malfeita algumas estratégias da equipe do agora presidente americano.
Algumas campanhas tentaram, mas ninguém conseguiu chegar perto do que fez Obama. Fui convidado a gerir uma campanha, mas na base do toma lá da cá: “se ganharmos, conversamos depois”, de graça, como muitas agências de publicidade trabalharam durante anos para os políticos brasileiros. Lógico que não aceitei.
Não houve inovação, não houve criatividade, não houve um projeto que realmente chamasse a atenção dos profissionais de marketing e comunicação.
Não houve novas ideias não só na propaganda offline e online: não houve novas propostas para melhorar o Brasil.
Pergunta sem resposta
Fiz a seguinte pergunta aos três principais candidatos à presidência, pelo Twitter, quatro vezes para cada um: como tirar o Brasil da vergonhosa 68º posição em banda larga mundial?
Nenhum deles me respondeu. Eles não responderam porque não tinham a resposta ou não tinham preparo para monitorar e atender à demanda dos questionamentos em todo o Brasil?
Não sei, mas acredito que não sabiam a resposta e também não tinham preparo para estar nas mídias sociais.
Nos dias de debates não havia uma movimentação mais expressiva nos perfis dos candidatos. Houve milhões de fails, de erros básicos, como spams e falar na terceira pessoa como se fosse o candidato. Alguns pareciam o Romário falando.
O fato é que temos poucos produtos de qualidade, e nem a melhor propaganda resiste a um produto ruim. Tivemos de ver vídeos do Tiririca no YouTube. Nem no pior dos mundos imaginaria esse cenário.
Muitos assessores assumiram o comando das campanhas, inclusive as digitais. Os sobrinhos que sabem mexer no Orkut também ganharam espaço.
A moda do Twitter
Alguns profissionais de marketing se esforçaram, fizeram direitinho o beabá; página no Facebook, interação no Orkut, fotos no Flickr, vídeos no YouTube (alguns com canal personalizado, outros não) e, lógico, o Twitter. Nem sabiam com que objetivo, mas era necessário ter Twitter!
Mídias Sociais não se limitam ao Twitter nem aos poucos canais citados acima, tão pouco as amplas estratégias de marketing digital se limitam às mídias sociais.
Não houve comunicação segmentada com os diversos públicos, assim como não houve planejamento estratégico, integração com o offline, monitoramento, mensuração, análise, táticas de guerrilha (falo do marketing de guerrilha, não de propaganda marrom tão bem utilizada pelos velhos lobos da política).
Talvez em 2012 tenhamos mais maturidade quando o assunto for comunicação na Internet. Tudo bem, foi a primeira eleição no Brasil em que a Internet ao menos foi vista com mais seriedade no marketing político brasileiro. “Culpa” do Obama.
Fonte: http://idgnow.uol.com.br
04/10/2010
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