Pesquisar este blog

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Beirut nos ensina sobre a cultura do fã e uma palavra da moda: engajamento


Eles não fazem parte do casting de grandes gravadoras muito menos são um fenômeno do show business. Pelo contrário, eles são cria do novo ecossistema digital da mídia – seu principal canal de conexão com fãs no mundo inteiro é a internet, por meio do MySpace e, principalmente, do YouTube.

Até aí, nada demais. Bandas que se tornam sucesso via web brotam a cada clique e atendem a todos os gostos. Mas chamo à atenção para uma que, se é não capaz de derrubar servidores de tantos acessos que provocam, sabe cativar muito bem um determinado nicho de público e derruba as fronteiras para suas músicas. E, talvez o mais importante, reúne em torno de si alguns dos elementos daquilo que podemos chamar de cultura da internet – ou cultura nos tempos da internet.

Estou falando da banda Beirut, que se tornou conhecida de alguns brasileiros depois de ter utilizada uma de suas músicas na minissérie Capitu, da Rede Globo, em 2008 (mesmo assim, não se tornou sucesso no País e continuou restrita a um nicho de público). Fundada em 2006 em Santa Fé (Novo México, nos EUA), Beirut é uma das pérolas que merecem ser pinçadas da web e apreciadas por diferentes razões.

A primeira delas é musical. Seu som é resultado de múltiplas influências, como folk, rock, sons dos Bálcãs e outras influências do Leste Europeu. Munido por ukulele, acordeons e instrumentos de percussão que podem ser nada mais nada menos que cestos de lixo, o Beirut é um saboroso liquidificador sonoro onde cabe de tudo. É uma banda multicultural por natureza, aberta ao diferente, refletindo na música uma tendência que é própria da sociedade conectada do século XXI.

Clipes na levada do YouTube

A segunda razão tem a ver com o lado musical, mas vai além. Os clipes da banda exemplificam bem um tipo de linguagem e de produção que ganha força em tempos de YouTube. Com raras exceções, como a da música Elephant Gun (que contou com produção tal qual a indústria de videoclipes sempre fez), os vídeos da banda buscam o olhar natural, a simplicidade, o momento. Como eles usam locações ao ar livre ou improvisadas e uma câmera só, pode-se presumir que são produções baratas.

Em geral, os filmes mostram a banda, liderada por Zach Condon, tocando em bares, ruas, praças, restaurantes ou galpões. A performance apresentada no vídeo é a que aconteceu no momento da captação das imagens, com burburinhos e outras interferências do ambiente (os clipes fazem parte do projeto La Blogotheche, com seu A Take Away Shows, mas isso é para outro post).

É simples, mas profissional

Não se trata de algo “caseiro”. Há uma equipe experiente trabalhando na produção. A maioria dos clipes do Beirut é dirigida por Vincent Moon, um filmmaker que mora em Paris e já fez clipes para REM e Arcade Fire.

É ele o homem por trás da proposta, da ideia visual que se alimenta de uma aparente trivialidade: os vídeos buscam uma linguagem que aproxime a experiência retratada no vídeo – a performance da banda – daquilo que internauta presenciaria se estivesse lá, no bar ou praça onde o Beirut gravou o clipe. Um olhar natural, dentro do que é possível conceber como natural ao que é filtrado pelas lentes de uma câmera. É como se, pela tela do YouTube, você também estivesse lá.

Se observarmos os números, é possível dizer que os internautas aprovam a ideia. Uma conta rápida no YouTube mostra que, juntos, dez clipes do Beirut foram vistos mais de 12 milhões de vezes. Só o clipe de “Nantes” foi assistido quase 3,4 milhões de vezes no YouTube.

Retirado de : http://idgnow.uol.com.br

07/09/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário